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Chá dos 3

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A riqueza de ser como se é


Ela era linda e absoluta. Não tinha um CrossFox nem se chamava Stefhany, mas também era boa em matéria de achar. Não de se achar, mas em achar coisas.
Se chamava Bárbara, e o era, no nome e na essência.
Sua mãe amava Chico Buarque, por isso presenteou a filha com nome de música. E como toda música de Chico Buarque, Bárbara, a real, imprimia nas pessoas reações diversas: poesia, simplicidade, estranheza, indagação.
Sempre fora linda e desde pequena mostrava sinais de profundidade e inteligência. Virou problema público.
Na pequena cidade de Aparência do Sul ou se era bonita ou se era inteligente. As duas características não poderiam coexistir em uma unica pessoa.
A família e os amigos insistiam para que ela investisse na beleza, mas Bárbara não queria. Já não usava apelido para que não a diminuíssem. Queria existir em sua totalidade.
A mãe chorava desconsolada. O pai a achava um caso perdido. Cansada de tanta confusão ela fingiu que sofria de "emburrescimento" e a paz voltou a reinar. Se encheu de amigos e admiradores, de pessoas que admiravam sua aparência. Mas aos poucos a beleza foi se perdendo... assim como o que a tornava brilhante, inesperada e extraordinária: sua identidade.
Ela fez o caminho de volta, foi em todos os lugares onde havia passado, conversou com muitas pessoas, mas ninguém vira sua identidade. Onde andaria a identidade perdida de Bárbara?
Lembrou-se então daquele verso do Quintana:
"Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!"
Era claro e evidente! Ela estava ali o tempo todo. Não na ponta do nariz, mas nela mesma.
De uma vez por todas seria o fim da Bárbara que “calava a boca” e o começo de uma Bárbara em que "nunca é tarde".
Finalmente ela percebeu que se em Aparência do Sul as coisas eram assim mesmo, ela não precisava ser ... e não precisava não ser também... enfim... as coisas são confusas mesmo...


Abaixo seguem as duas músicas do Chico Buarque que me referi.

Bárbara: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/84637/
Cala a Boca, Bárbara: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45120/

Abraços da Tatá!

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